sábado, 24 de novembro de 2012

(Desa)sossego


 
"um colo ou um berço ou um braço quente em torno ao meu pescoço,uma voz que canta baixo e parece querer fazer-me chorar, o ruído do lume na lareira,um calor no inverno...um extravio morno da minha consciência; e depois sem som, um sonho calmo num espaço enorme, como a lua rodando entre estrelas..."



 Fernando Pessoa in "Livro do Desassossego"
 
e um final de tarde numa praia ao pé de casa. Quantas vezes terei eu de concluir que são de momentos simples,de pessoas de alma inteira e despretensiosa,que o melhor da vida se compõe...? 
 
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

I like mondays

 
 
Gosto da ideia de caderno limpo e em branco,que nos oferece a possibilidade de fazermos nele o que quisermos e é um pouco assim que eu vejo as 2ªs feiras.
No entanto,não implica necessariamente que para mim seja o rescaldo do fim de semana,bem aproveitado e descansado,como a maior parte das pessoas,pois no meu trabalho,os fins de semanas podem ser uma 4ª e 5ª feira,por exemplo.
Mas independentemente disso,o espírito,o tal do caderno em branco, está "lá" e como eu já disse num post anterior,as coisas estão ( e são) no modo como as vemos e interpretamos.
E eu gosto das 2ªs feiras e do seu semblante fresco,auspicioso, a oferecer-nos despretensiosamente uma nova semana,um novo recomeço... 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Em boa companhia

É intrínseca à minha pessoa,a necessidade (é mesmo este o termo) de "fazer acontecer".
Se em miúda me entretinha a fazer desenhos, se na adolescência tive a minha fase de pintar ,se há uns poucos anos atrás não passava sem escrever quase diariamente, agora preciso de ter (infelizmente,já não com a frequência que desejaria ) interacção com a máquina de costura.
Preciso.
E é assim,com companhias boas como : tecidos,chá,chuva e Aretha Franklin,que se compõe uma tarde em pleno,tranquila, como eu gosto e vou satisfazendo esta necessidade quase básica.
E com uma "Gipsy Bag" feita,segue-se a encomenda de uma almofada.
Ok. Vamos a isso.

 
when my soul was in the "lost and found",you came along to clame it
 
 - coisa linda. Respect to Aretha.


 
 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alegria no trabalho

Todos nós temos uma altura na vida,em que sonhamos com o que um dia viremos a ser.
Essa doce infância em que para além de sonhar,acreditamos com essa particular convicção infantil,de que de facto seremos tudo aquilo que queremos ser (sim,porque a criança nunca quer ser apenas uma coisa,mas várias em simultâneo; no meu caso,queria ser bailarina,veterinária e engenheira agrónoma).
Gostava de saber de casos que em adultos,concretizaram esses sonhos de criança.
Eu não sou um deles e creio que a maioria da população mundial não será.
Seja como fôr e independentemente do trabalho em questão,para mim há um factor essencial: trabalhar-se com prazer naquilo que se faz. E aí sim,aí já encontrei verdadeiros testemunhos,em varíadíssimas áreas,de pessoas que gostam mesmo do que fazem,desde a senhora das limpezas,até à pessoa que trabalha na área cinematográfica.
Por vezes entro em sítios tão "cool",com um ambiente tão bom,tão positivo,que a minha vontade imediata (sim,sou impulsiva e tenho de me controlar) é de perguntar se não precisam de empregada...e atenção que não é por ter falta de emprego,porque felizmente o tenho,estável já durante anos. E hoje em dia,cada vez mais,em relação a ter um emprego aplica-se bem o ditado "em terra de cegos,quem tem olho é rei" -infelizmente é cada vez mais escasso,as condições de alguns deles são verdadeiramente precárias e pode conduzir ao desespero das pessoas.
Num contexto destes,sem dúvida que é preciso dar-se valor ao que se tem. E eu dou,no sentido em que me permite ter uma vida desafogada e acima de tudo,contribui para o bem estar da minha família.
Mas trata-se daquilo com que sempre sonhei? Não. E também não tenhos espasmos de felicidade pelo trabalho em si. Reconheço que é um trabalho em que todos os dias são diferentes,não prima pela monotonia,é um facto e além do mais,não é qualquer trabalho que me dá a oportunidade de,por exemplo,ter o Johnny Depp à minha frente (memorável dia esse,15 de Maio de 2003).
Mas tudo isto são pérolas raras. É giro,mas o que no final das "contas feitas" perdura,não é isto.
Noutro dia fui a um sítio,que uma grande amiga minha (e que como tal,me conhece bem) define como " a minha cara" : a LX Factory. Para além do próprio espaço ser muito engraçado e atractivo e não falando do facto de que no ar,respira-se o cheiro de bolos acabados de sair do forno e cappucinos com caramelo,há ali uma energia muito muito especial; daquelas energias que nos fazem deixar lá parte de nós próprios,mesmo quando já estamos em nossa casa.
É sem dúvida daqueles sítios em que tenho sempre,obrigatoriamente de voltar; é sem dúvida daqueles sítios em que,não tivesse eu uma filha para sustentar e um orçamento familiar a considerar, perguntaria, mal pensando  no valor do ordenado: "Por acaso não precisam de uma empregada...não?"



Porque ali sente-se: há alegria no trabalho.

domingo, 11 de novembro de 2012

Das paixões sem limites


Elisabeth: "how did you know...? how did you know I would respond to you the way I've had...?

John: "I saw myself in you"


Hoje em dia já não se fazem filmes assim,sem que caiam inevitavelmente na vulgaridade.

sábado, 10 de novembro de 2012

As coisas,mediante o nosso olhar

    "Granny Chic",Tif Fussel & Rachelle Blondel



Gosto de guardar comigo,seja na memória,seja num bloco de apontamentos,frases que desafiam a nossa interpretação e, obviamente, respectiva reflexão.
Do Oscar Wilde ( para ele,uma grande vénia,sempre!) tenho umas quantas que praticamente já me circulam no sangue, do Vergílio Ferreira (um mestre da escrita,sem dúvida um dos meus preferidos de sempre) também são outras tantas frases,daquelas que de tão fortes,fazem tudo o resto parecer trivial...
Embora tenha sido sempre dada à escrita,houve uma altura em particular da minha vida em que todos os dias escrevia, tinha um caderno na mesa de cabeceira e era assim que dava por rematados os meus dias.
Nessa altura,essencialmente,o gesto da escrita era essencial e altamente pessoal,embora houvessem textos que tenha tornado públicos.
A escrita é uma outra forma que tenho de ver o mundo e por isso compreendo muito bem,quando ouço pessoas dizerem que "por escrito seria mais fácil".
Não quer dizer,lá está,que o "fácil" se traduza por "trivial". Pelo contrário: por escrito poderemos expressar de forma mais completa,mais bela,mais profunda,tudo aquilo que sentimos,numa intensidade inigualável à palavra falada.
E por experiência própria,vos confirmo que assim o é, efectivamente.
É como se passarmos algo para o papel,fosse todo um gesto,um exercício introspectivo,cujas raízes tocam no que de mais íntimo existe em nós.
O significado de tudo, reside na forma como o interpretamos, está no nosso olhar, na nossa própria expressão.
Bom,mas isto é uma mera opinião, vista mediante os meus olhos,claro está...

Mudando um pouco o assunto,há uma série de coisas que me aguçaram a curiosidade na Time Out desta semana e como tal,vou ter de as ver com os meus olhos.

 
Nesta Lisboa que eu amo,há uma série de espaços giros (uns que eu já conhecia,outros mais recentes que ainda não conheço), que já me puseram em modo "planeamento de roteiro" para os próximos dias de folga. Just can't wait!

E porque nem só do olhar vive o Homem,passando agora pela música,remato este,digamos, diversificado post, com a música de uma cantora que conheci recentemente e muito francamente...adorei!
 
E pronto. Hoje deu-me para isto.:)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que a chuva traz




Os momentos de aconchego, os dias tranquilos (as férias são agora), os pequenos almoços bons e demorados, fingir que somos da idade dela e andar pelo chão alinhando numa série de brincadeiras.
Mexer nos meus tecidos e pensar no que vou fazer com eles, dar azo à imaginação,ficar no sofá até tarde com um livro na mão e deixá-lo cair até adormecer.
E galochas,as minhas preciosas galochas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dos dias e das noites especiais






 
Bocados pequenos,em formato fotografia,de mais um aniversário.
A chuva abriu um parêntesis e ofereceu-me um dia cheio de sol (e pouco frio também),o que nos levou até ao jardim para um almoço tranquilo; páginas soberbas de um livro que eu andava a cobiçar há algum tempo e que foi uma das minhas prendas; um jogo de Mikado ao serão,a fazer-nos lembrar tempos em que eramos sem sombra de dúvida mais jovens.
E acima de tudo,coisas boas,daquelas que se sentem e cuja máquina fotográfica não consegue reportar.
Há dias e noites assim.