quinta-feira, 17 de julho de 2014

os pequenos nadas


noutro dia, num passeio pela baixa de Lisboa com uma amiga, desabafei que paradoxalmente tanto adoraria viver no campo, com o verde, o silêncio intercalado com os sons naturais, os animais e uma vida sossegada, como me imagino a viver no centro de uma cidade, num prédio centenário, com tectos altos e trabalhados, em que saio à rua e tenho uma parafernália de acontecimentos à minha porta.
creio que sempre senti isto e não será exactamente típico da idade.
de momento, essa plenitude idílica do campo ainda não me parece viável, ainda há muito a acontecer nas nossas vidas e sinceramente, para uma pessoa como eu que tenta evitar ao máximo andar de carro, morar num sítio campestre maravilhoso, em que para ir beber um simples café,tenho de conduzir...não me seduz. Eu vejo de facto esse cenário de campo na minha vida, mas mais para a frente.
para já, gosto de tentar unir o melhor desses dois mundos: vivemos no centro de uma cidade, com absolutamente tudo ao pé,sem necessitar de conduzir, mas ao mesmo tempo, é um bairro sossegado, cheio de flores, jardins e chilreares, onde da janela de casa, nem a lua falta a espelhar-se no rio.
vou a pé comprar o pão, beber o café, levar a minha filha à escola, a vizinhança cumprimenta-se, oferece ajuda para levar os sacos das compras, vou ao mercado, vou à florista, vou ao teatro, vou à casa de chá mais gira da cidade ( e arredores), palmilho as lojas de velharias e ainda me estendo na relva num dos sítios com a vista mais bonita do rio e de Lisboa.- a pé,tudo isto posso fazê-lo a pé.
e nem fazem ideia do quanto estas pequenas coisas podem tanto fazer pelo meu dia.






 

2 comentários:

  1. Olá Claudia eu tinha 28 anos quando decidi embarcar no sonho do meu marido. Não fui obrigada a nada, muito pelo contrário, fui avisada que não seria fácil, que a distância da família e dos amigos ia ser maior do que as visitas. Não liguei, enamorei-me pelo Alentejo e tudo parecia idílico. Hoje aconselho a quem tem este sonho e se financeiramente puder a manter as duas casas. Os dois ou três primeiros anos são carregados de romantismo até que chega o inverno, e se o calor aqui custa e muito, não consegues imaginar o inverno. Não só nos deixa frio o corpo como a alma. Seremos sempre achados e tidos como estrangeiros, mesmo tendo já um filho da terra. Hoje estamos a preparar o regresso a Lisboa

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    1. Já te tinha visto a testemunhar isso, Rute... claro que em todos os sítios, há sempre os prós e as contrapartidas, mas a essência da pessoa é fundamental para a mudança. Acima de tudo,neste momento, é como disse no texto e é como tu também dizes: mantemos o melhor dos dois mundos, sei que para já a minha essência não estaria em perfeita união com a dificuldade em obter coisas tão simples,coisas essas que agora as tenho "do pé p'ra mão"...por muito romântica que fosse a ideia de mudança,lá está. Beijo para ti e desejo-te tudo a correr pelo melhor,nesta nova viragem (mas deixa-me dizer-te que a tua casa em Aviz é só por si idílica...! ;) )

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