quarta-feira, 22 de abril de 2015

quando o tempo leva (quase) tudo na enxurrada

O inicio deste mês de Abril não foi nada fácil, começando com o cunho duro que só a morte sabe dar.
Questionamo-nos em vários momentos sobre a nossa hipotética reacção em relação a determinadas circunstâncias, traçamos quiçá alguns esboços de como tudo poderá ser, mas estaremos sempre a anos-luz de controlar a imprevisibilidade das nossas emoções, para o bem e para o mal.
E o pior é quando se pensa que outro tanto de menos bom, estará ainda por vir.
Eu não sou uma pessoa forte e admito-o, mesmo indo contra a opinião daqueles que me conhecem bem e dizem que, não sou como me penso.
Talvez por isso e por essa enxurrada que me leva e lava em tristeza, nos momentos seriamente difíceis, em momentos que me fazem confrontar com o extremismo daquilo que, nunca mais vai ser como outrora o foi, talvez por isso, eu toda a minha vida procurei saber rodear-me de pessoas extremamente fortes, sábias condutoras dos dias e com um carisma despretensioso e incontornável. É isso que eu mais admiro, a par com o altruísmo.
Às vezes sinto-me assim, sábia condutora dos meus dias e o desafio maior é fazê-lo exactamente naqueles dias em que nos apagaram a luz e não fazemos puto de ideia onde se encontra o interruptor.
Por tudo isto e muitas mais coisas, só tenho a agradecer. Agradecer a essas pessoas que me inspiram (acho que nem elas sabem o quanto), agradecer pelo que consigo sentir como meu, agradecer até mesmo à rudeza dos dias, que me mostra que a maior parte dos meus outros momentos, serão tudo, menos rudes.
Este mês começou agreste, mas a soma das horas leva quase tudo na enxurrada e o que resta do que passou, é apenas o que merece ser guardado.
Apesar de tudo,acabei de dar o primeiro passo em frente para realizar o meu grande sonho (porque os sonhos servem para serem alimentados) e,
há uma nova vida que espalha alegria cá em casa ( um cachorro de 2 meses, que em pouco tempo vai pesar mais do que eu)

é assim.
o amor e os bons sentimentos são aquela energia que se renova sempre.




sexta-feira, 3 de abril de 2015

pedaços grandes de vida






havia tanto para contar, mas as boas memórias, que são tantas, atropelam-se quase em gritos histéricos na minha cabeça.
começaria pelo dia completamente inusitado em que entraste na minha vida, pelo impulso tremendo com que te agarrei e disse "és minha!". Quanto ao resto, logo se veria, porque a paixão quando irrompe cá dentro, é livre, desgarrada.
e continuaria. Continuaria pelos episódios líricos de um sofá transformado em bocados de esponja espalhados pelo chão da sala e tu virada para a parede, convicta de que estarias perfeitamente escondida dos meus olhos incrédulos, perante tal cenário caótico.
continuaria a contar a tua história, lembrando as longas tardes de chuva em que dormias a meu lado, ou aos meus pés ou então os serões demorados de jogatanas, festas e cantorias.
estiveste lá sempre.
inclusivé estiveste sempre comigo, quando deixaste de o estar, durante os quarenta e cinco dias em que foste uma fugitiva sem precedentes e por um feliz acaso do destino (porque lá está, a vida também nos prega boas partidas), voltas em corpo presente aos meus dias e eu abraço-me a ti, decidida a jamais te tirar a vista de cima.
eu estive sempre contigo, na dura luta que foi manter-te comigo, numa vizinhança de baixo calibre.
eu estive sempre contigo, nas vezes em que eras tu que me passeavas em flecha, pelas ruas pujantes da tua infância.
e continuaria com tanta coisa por contar.
a nossa história terminou hoje,nesta maldita madrugada, em que os teus 14 anos não nos deixaram continuar nem por mais um dia, esta nossa vida conjunta.
voltaria atrás por tudo isto, por todas estas memórias incálculaveis que me deixas e que se atropelam dentro de mim, neste preciso momento em que as lágrimas me atropelam a dor abismal de te ter perdido.
amo-te para sempre, minha crazy Mary (tal como diz a música, graças à qual encontrei o teu nome, num espaço e num tempo que já não existem)