segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

não deixes para celebrar amanhã, o que podes celebrar hoje






se há coisa que me desmotiva é perguntar a alguém como é que correu determinado acontecimento ou evento festivo, digno de uma razoável satisfação (quanto mais não seja pelo facto de estarmos vivos para celebrar o facto) e do outro lado ouço um seco e desinteressado :




                                                          " -hã...passou-se. "


eu é que me passo, pá.
eu é que me passo com o desinteresse levado a cabo na vivência dos dias, como se isto (vulgo, a vida) fosse uma fonte infinita, inesgotável e negligenciável de horas que se parecem traduzir como um autêntico frete e basicamente, um favor que fazemos ao ar, por o respirarmos.
deixem estar, este natal "passou-se". Se bem me lembro o do ano anterior também se "tinha passado", mas não há problema nenhum nisto, porque afinal de contas ainda temos 6578 natais pela frente, portanto podemos descurar estes todos que se vão "passando".
será problema meu...? serei sôfrega por assumir esta perspectiva...?
olhem, senhores e senhoras que apregoam a seco o "hã...passou-se" e que em simultâneo encolhem os ombros como se ainda tivessem um chorrilho de dias absolutamente fantásticos pela frente,
deixem-me dizer-vos uma coisa:

há momentos em que de facto podemos não estar propriamente virados para celebrar mais um aniversário, ou um natal, ou um fim de semana, ou a festa de um amigo, mas caramba, se não aproveitarmos essas oportunidades de celebração enquanto andamos aqui, no mundo dos vivos e se não rasgarmos ainda mais os níveis do riso, zelando pela preservação individual da serotonina que só existe se formos felizes...quando? quando vamos fazê-lo? quando estivermos na fila da segurança social ou à espera de consulta no centro de saúde...?
lá está. Há uns anos atrás fui submetida a uma cirurgia, não foi fácil. Quando me perguntam sobre isso ou eu própria o relembro, só me vem à cabeça uma palavra:

                                                            -passou-se.

e a seguir, é rir, partir para a "reinação", aligeirar a rudeza dos dias pouco meigos e não perder uma boa oportunidade de ce-le-brar
hoje,
agora se possível.

quanto ao amanhã, logo se vê.

Bom Ano Novo :)




  o mundo a meus pés, no meu grande mundo que é a minha casa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

que a memória não me fuja




o Natal terá sempre para mim o sabor ímpar da infância,
será sempre o cheiro de uma lareira a arder na envolvência de uma noite fria,
será sempre as minhas faces ruborescidas pelo calor dessa mesma lareira que ardia,
as travessas de loiça antiga, tão antiga, nas quais se dispunham o bacalhau, as batatas e as couves, estas últimas que eu mesma tinha ajudado a apanhar horas antes, ou julgara eu que ajudava.

lembro-me de inspirar aquele ar de pureza de campo, em miscelânea perfeita com fumo e inverno e saber no mais profundo de mim que uma das minhas maiores riquezas de vida, seria a memória de tais dias e noites de infância.
a memória de dias quentes de Verão
e,
o cunho eterno de Natais tão simples e tão perfeitos.
e a cada ano que passa nesta época, torna-se inevitável não olhar para trás e avistar ao longe essa miúda que eu fui e sentir-lhe tão bem, a alegria no rosto.




*na foto, a minha miúda, para quem hoje já era Natal.

Feliz Natal para quem aqui passa :)



quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

is this for real...?

tenho uma pancada tão forte por casas, que não há explicação para tal.
não sei, já é de mim.
um dos meus blogues preferidos no que respeita a este assunto de casas e decoração, está ali do vosso lado direito, na minha lista de loved ones.
já falei nele por aqui e tornarei a falar, porque de facto não tenho como não o fazer, já que nele figuram casas que me enchem totalmente as medidas.
a última é esta e se querem saber mais, espreitem aqui porque vale bem a pena.




























































































quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

desejos do meu contentamento



prendas ideais para o natal são os livros, não quero saber de mais nenhum artefacto. Tudo o resto é saúdinha e boa disposição, ah pois é.
existem muitos livros por este mundo fora que eu gostava de ter, mas isso implicava que eu fosse obrigada a tirar uma licença à vida quotidiana, para poder ter tempo de os degustar a todos convenientemente.
como tal, eis aqueles que de momento são o meu grande desejo de consumo:


  • Lisboa- cidade triste e alegre  





desejo-o com uma ambição desmedida.




  • How to be Parisian wherever you are





eu não pretendo tornar-me numa rapariga parisiense onde quer que eu esteja, mas este livro, que eu já tive a oportunidade de folhear está muito giro graficamente falando, com curiosidades interessantes e claro, para quem adora Paris que é o meu caso, é uma rica prenda.



  • Natália Correia: Não Percas a Rosa



adoro a Natália Correia, com toda aquela força de carácter e de palavras que a caracterizava. Este livro é um grande "bolo" (cerca de 700 páginas) que reúne um diário que a própria escreveu na alvorada revolucionária de Abril de 1974, com fotografias e reproduções dos manuscritos originais. Preciso de ter isto.


  • Antologia Poética de Sophia de Mello Breyner




a minha beloved Sophia. Já há muito tempo que ando a namorar esta antologia e é curioso que, cada vez que peguei neste grande livro e o abri ao acaso, havia sempre um poema que soava em mim à laia de conselho.




e, uma pequena excepção aos livros, preciso de ver a segunda temporada da série Girls, para me rir um bom bocado, à semelhança do que aconteceu quando vi a primeira série. Muito bom.





e pronto, consumismos à parte, digamos que estas coisas iriam dar-me um belo contentamento .



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

este post não é para todos



vós que sois fãs e submissos a um belo bife do lombo, rodízios e picanhas, parem aí a leitura, porque este post não é para vocês.
não há carne nos meus repertórios alimentares quase desde o momento em que eu descobri que afinal, aquilo que eu tanto gostava chamado "arroz de cabidela", não era derivado das árvores ou da terra, mas que na verdade era sangue. Sangue da galinha com a qual eu teria andado a brincar na semana anterior, lá na quinta dos meus avós, o sítio de uma infância feliz.
não pude exterminar por completo a carne da minha ementa, porque na altura a minha mãe, dado eu ser ainda muito novinha, não achou muito correcto. Mas comia a contragosto.
com o tempo (e não demorou assim tanto tempo quanto isso), abandonei sem qualquer pena a carne, dos meus hábitos alimentares.
trata-se de uma opção de vida, que tal como todas as opções de vida que não ferem, nem prejudicam ninguém, é merecedora de ser respeitada (isto porque já me envolvi em acesas discussões com pessoal ávido de carne e que não respeita, pura e simplesmente, quem lhes mexe com os gostos/opções pessoais).
convivo muito bem com esta minha escolha, que simultaneamente se traduz num modo de vida, não porque é bem, nem porque é moda, mas porque é algo que sinto visceralmente.
e quando assim é, não há mais nada a dizer.

*na foto : um salteado de soja, grão de bico e alho francês, que por acaso estava bem bom.  

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

introspecção.




há quarenta anos, num 14 de Dezembro cinzento e chuvoso tal como o de hoje, casavam os meus pais.
hoje, só queria que o meu pai estivesse na condição de o poder recordar.
a vida não se traça somente mediante os desígnios que gostaríamos, mas também de acordo com premissas que nos tornam seres impotentes.

agora, este momento, é aquilo que eu sei que tenho.




domingo, 13 de dezembro de 2015

dos essenciais à vida



há pouca coisa que eu goste tanto de fazer, quanto estar rodeada de livros, folhas em branco prontas a serem escritas, palavras para serem manuseadas.
e é curioso como estes hábitos, que são paixões e paixões essas que se tornam sérios vícios, se vinculam à nossa personalidade desde tenra idade.
agradeço eternamente ao meu pai por me ter alimentado isto desde criança, dado que todas as semanas me satisfazia o desejo de me comprar um livro.
não precisava de mais nada e, o facto de ter crescido enquanto filha única talvez tenha contribuído bastante para esta espécie de casulo que sempre reservei, de mim para mim.
não se trata de uma atitude egoísta, porque estou sempre pronta a partilhar aquilo que tenho de bom, com quem quero fazê-lo. Mas admito que tenho uma saliente costela individualista, já que estes momentos que são só meus, fazem mais pela minha sanidade mental, do que outra coisa qualquer, por muito boa que essa outra coisa qualquer seja.
não gosto de me armar em conselheira, e quem sou eu para essa presunção, no entanto há circunstâncias em que me vejo quase obrigada a dizer a algumas pessoas queixosas com a vida, que deveriam de estar mais com elas próprias, porque é importante conhecermo-nos ao ponto de nos sabermos ouvir e isto não implica necessariamente negligenciarmos tudo o resto que temos e que também é importante.
são parêntesis essenciais.
e mesmo quando não posso escapar do espaço físico no qual me situo, se derem por mim absorta com um livro na mão, é porque nada ali me interessa, a não ser as palavras em que me encontro.
mais uma vez não é presunção: trata-se de posturas e de opções.
hoje encontrei um blogue de alguém cuja escrita é fenomenal, com a qual me identifico tremendamente. Fico mais do que satisfeita quando encontro alguém com a sensibilidade de transpôr em palavras, sentimentos que à partida julgamos indefiníveis e impossíveis de materializar verbalmente. E, simultaneamente, penso que também estas pessoas devem de ter os seus próprios casulos, portos de abrigo. Gostava de as conhecer e falar com elas sobre isso.
e a propósito das palavras escritas, posso dizer que na minha vida só me falta fazer uma coisa: plantar uma árvore (mas sei quem me pode ajudar com isso)... ah..! e não é presunção: é determinação e sonho antigo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

e o resto são cantigas



há pouco cheguei a casa, sem me lembrar ao certo da viagem de regresso.
como se tivesse entrado no carro e a viagem desde o ponto de origem, até à chegada ao destino, mais não tivesse sido do que uma incursão numa cápsula do tempo, com todas as aleg(o)rias que isso implica.
podia ter corrido mal.
podia não ter sido capaz de contornar os veículos impacientes na 2ª circular, podia não ter dado pela existência dos espelhos retrovisores, ou poderia mesmo ter seguido sempre em frente e a esta hora já estaria na Almargem do Bispo.
é extraordinária a orientação que nos guia, mesmo em estados absortos.
há duas coisas fundamentais neste processo de alienação (pelo menos neste meu episódio específico):
o pensamento e o alinhamento exímio de canções ouvidas no rádio.
recuei anos atrás, revivi momentos, voltei a pasmar-me com determinadas casualidades, falei sozinha, cantarolei, esbocei sorrisos, e quando dei por mim já estava a estacionar à porta de casa.
ainda me deixei ficar por mais uns momentos com o rádio ligado, já que a música se exibia num alinhamento descarado aos meus ouvidos.
e aos meus sentidos.
e à minha memória.
e a tudo aquilo que já vivemos de bom e que isso, já ninguém nem nada nos tira.
é este tipo de flashback completamente inusitado, que me faz ver que se o mundo acabasse amanhã, já teria valido a pena a andança por cá.


e esta fez parte do repertório.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

o sonho que comanda a vida



eu sei que antes das ditas resoluções de ano novo, ainda está o Natal, mas muito provavelmente o meu desejo de caderno em branco possa ser medido nas mesmas ânsias com que uma criança decresce os dias até ao desembrulhar das prendas.
a ansiedade não faz bem a ninguém, mas não é ansiedade a minha fraqueza.
nem fraqueza é tão pouco, porque quem é fraco não vai à luta.
e a minha luta é sinónimo de resiliência.
e esta última é a capacidade resoluta de superação e paciência.
o caderno em branco não será a cura para todos os males, nem trará o santo graal à vida, mas traz inevitavelmente a sensação limpa de que estamos sempre a tempo de recomeçar.

e de acreditar.
e conseguir.